quinta-feira, 5 de maio de 2011

COMO TRATAR GRIPES E RESFRIADOS

O tratamento é apenas sintomático. O pediatra sofre uma pressão constante para prescrever algum remédio inútil para a criança gripada e é importante que ela aprenda a lidar com isso. Para evitar o uso desnecessário de medicamentos é importante reforçar para os pais que nenhum remédio “corta” a gripe nem mesmo abrevia a sua duração: “uma gripe tratada com vários dura uma semana e uma gripe tratada sem nenhum remédio dura sete dias.” Os remédios só aliviam alguns sintomas tentando reduzir o desconforto que o paciente sente (cefaléia, dor no corpo, obstrução nasal, coriza etc), enquanto a gripe é curada pela própria imunidade da criança.

Nos lactentes pequenos o resfriado comum torna-se um problema serio para os pais. O bebê tem dificuldade para respirar pela boca, torna-se irritado, não dorme, parece sufocado, as vezes apresenta dispnéia evidente apenas pela obstrução nasal. Por isso, além de explicar aos pais a benignidade do processo e sua cura espontânea, é importante orienta-los quanto as medidas conservadoras e de suporte que reduzem o sofrimento do bebê.

1. Hidratar bem. Oferecer líquidos com freqüência: água, chas, sucos. Respeitar a falde de apetite e tranqüilizar os pais afirmando que o apetite voltará assim que a gripe passar. O repouso não altera a evolução e a atividade da criança deve ser regulada pela sua disposição.

2. Analgésicos e antitérmicos para febre ou se a criança parece sentir dor: usa-se parecetamol (acetaminofen)na dose de 10-15mg/Kg/dose, ou dipirona (meia gora /Kgda dipirona em gotas ou um Ml para cada 2 a 4 Kg da dipirona em solução, por dose). O ibuprofeno (10mg /kg/dose é uma alternativa útil.

A aspirina deve ser evitada por causa da associação ente a Síndrome de Reye e o uso de aspirina em pacientes com influenza (A e B) ou com varicela. Apesar de muito rara a Síndrome de Reye se tornou oito a dez vezes mais rara depois que houve a recomendação de se evitar a aspirina na gripe e na varicela.
3. Nos bebês a obstrução nasal pode ser aliviada com o soro fisiológico morno ou soluções fisiológicas, pingando meio conta-gotas em cada uma narina sempre que necessário, sobretudo antes de dormir e antes das mamadas. Alternativa barata de solução fisiológica é usar um copo de água morna (depois de filtrada e fervida) com uma colher rasa de café de sal. Quando esta medicação não é suficiente e a criança esta muito incomodada com a obstrução nasal, pode ser necessário usar um descongestionante tópico: prefira as soluções de fenilefrina a 0,125% ou a 25% ou de oximetazolina (afrin pediátrico ou aturgil pediátrico), na dose de 1 ou 2 gotas por narina, por não mais que 5 dias. Soluções ‘a base de nafazolina devem ser evitadas (Privina, Hidorcin, Rinisone, Sorine adulto, Adnax Narix, Naricin, Naridin, Neoroso Novorino, Privina, Rhinodex, Rhinosept,Sinustrat etc) pelo grande risco de intoxicação. Elevar a cabeceira costuma ser útil. Secreções podem ser cuidadosamente aspiradas com um aspirador nasal. Crianças maiores devem ser instruídas a assoar o nariz com freqüência, sem fazer pressão. Não usar contonete para remover secreções nasais.

4. Nunca usar antibióticos com a intenção de tentar evitar as complicações bacterianas. Quando isto e feito, elas continuam ocorrendo com a mesma freqüência, so que por germes resistentes. Os antimicrobianos só são usados quando existem evidencias clinicas ou de exames subsidiários que a complicação bacteriana já ocorreu.

5. o principal papel dos pais e do pediatra na gripe e vigiar o aparecimento de complicações que precisem ser tratadas (infecções de ouvido, bronquites, pneumonia, etc). por isso e necessário rever a criança (retornar para avaliação) se ela apresentar febre alta e de difícil controle ou que dure mais de 5 dias; choro forte parecendo ter dor; cansaço, respiracao ofegante ou difícil, prostração importante, principalmente quando sem febre.

descongestionantes

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7. Os descongestionantes sistêmicos e sintomáticos para gripe; são associados de vasoconstitores como pseudoefedrina ou felinefrina com anti-histaminicos, analgésico e antitérmico tem uso disseminado em nosso meio, apesar de diversos trabalhos terem demonstrado sua inutilidade. Os vasoconstritores e descongestionadores sistêmicas deveriam ser evitados sobretudo em lactentes e crianças pequenas, nos quais apresentam efeitos colaterais freqüentes.Os antihistaminicos de primeira geração como a dextroclorfeniramina reduz em até 30% da secreção nasal no resfriado comum. Os anti-histaminicos mais modernos não possuem tal efeito mas mesmo existem varias formulações desse anti-histaminicos com pseudoefedrina que deveriam ser usadas apenas nos casos de alergia. Os antiinflamatórios não hornomais também não devem ser prescritos nas gripes, resfriados, faringites, otites etc; pois não alteram a evolução do quadro e po¬dem causar efeitos colaterais graves. O alívio sintomático que promovem não é significativamente maior que o uso mais freqüente dos analgésicos e antitérmicos convencionais. Diversos outros tipos de medicamentos como mucolíticos e "antitussígenos", também freqüentemente prescritos, só estari¬am indicados em situações muito excepcionais. É uma boa prática "desprescrever" estes medica¬mentos, ou seja, explicitar na receita que nenhum destes medicamentos precisam ser usados (isto é trabalhoso em receitas manuscritas mas facílimo em receitas editadas em computador ou em informações previamente impressas para o paciente).

8. Em caso de tosse intensa à noite pode-se recomendar um xarope caseiro de mel e limão (meia xícara das de chá de mel, meia de água, suco de 1 limão e 1 colher das de chá de vodka ou outra bebida alcoólica que, nesta dose, não tem qualquer dos efeitos do álcool).Outra alternativa "caseira" muito útil são os chás (o que a criança gostar) com mel e limão com ou sem alho (acres¬centar 1 dente de alho cortado em quatro: tem efeito mucolítico). 

vitamina C

9. A vitamina C não tem nenhum efeito terapêutico ou profilático sendo, entretanto, o mais inócuo dos "placebos" usados por alguns pediatras para atender à cobrança dos pais por alguma medicação. Também o uso de vitamina D em pacientes com episódios repetidos de IVAS não tem fundamentação científica e em dose exagerada pode provocar graves complicações.

10. A falta de apetite deve ser respeitada e os pais devem ser tranqüilizados que "quando a infecção passar a criança voltará a comer e recuperará seu peso normal em poucos dias". Advertir aos pais que a coriza e a tosse podem persistir por até algumas semanas.

11. Os pais tendem a buscar uma causa para a criança ter gripado. Geralmente relacionam a exposição ao frio, piscina, ingestão de alimentos gelados etc. Deve-se explicar que estes fatores não são importantes, já que se trata de doença viral. Explique que as gripes são inevitáveis, pois a contagiosidade é grande e porque o doente começa a transmitir a doença dias antes de perceber que está gripado. Assim, a idéia de isolar a criança dos contatos é utópica.


Não existem remédios que reduzam o risco de gripes e resfriados.

### Vacina contra gripe ###

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A vacina anti-infuenza, erroneamente referida como vacina "contra gripe", não está indicada de forma generalizada para crianças. Deve ser usada, em dose anual, apenas para crianças portadoras de cardiopatias, pneumopatias crônicas significativas, inclusive asma persistente moderada e grave, diabetes, nefropatias. Também está indicada em idosos e em profissionais de saúde. Trata-se de uma mistura de antígenos de duas cepas de Influenza A e uma de influenza B. A constituição antigênica desta vacina é modificada anualmente para tentar adaptar-se às cepas que mais provavelmente produzirão epidemias no próximo ano.

Uma medida profilática útil para recém-nascidos pequenos e prematuros é reduzir o número de contatos com outras pessoas, sobretudo em ambientes fechados, evitando igrejas, clubes, festas e reuniões e quando possível, evitando os "berçarinhos" e creches para lactentes pequenos.

FONTE:

BLACKBOOK DE PEDIATRIA, Prof. Reinaldo Gomes de Oliveira, UFMG, BH, 2005

16 comentários:

  1. Todas as informações a cima foram importantes para esclarecer muitas dúvidas que tinha e também me serviram para entender como realmente devo agir.

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  2. Artigo muito interessante. Ajudou-me muito. Parabéns

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  3. Artigo muito interessante. Ajudou-me muito. Parabéns

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  4. Como me aliviou ,muito bem explicado ,parabéns ,!!!👏👏

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  5. Como me aliviou ,muito bem explicado ,parabéns ,!!!👏👏

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  6. Obrigada por esclarecer minhas dúvidas.
    Artigo muito bem esclarecedor.

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